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O que é o IVA? Conheça esse imposto!

Meta description: Entenda de forma simples o que é o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), qual é a proposta para o Brasil (modelo dual com CBS e IBS), quais mudanças práticas isso traz para empresas e qual o cronograma e os passos esperados para a implantação.


1 — O básico: o que é IVA (imposto sobre valor agregado)?

IVA — Imposto sobre Valor Agregado (em inglês, VAT) — é um modelo de tributação do consumo usado por grande parte dos países do mundo. Em vez de tributar apenas a venda final, o IVA incide em todas as etapas da cadeia produtiva, mas o imposto que cada empresa paga é compensado com o crédito do imposto que ela já recolheu nas etapas anteriores. O objetivo técnico é evitar a cobrança em cascata (imposto sobre imposto) e tornar a cobrança mais neutra entre setores.

No Brasil, a reforma tributária aprovada emenda a Constituição para substituir vários tributos sobre o consumo por um modelo de IVA — porém com uma configuração adotada ao nosso federalismo: um IVA dual composto por dois tributos distintos (federal e subnacional). Serviços e Informações do Brasil+1


2 — Como o IVA será estruturado no Brasil: CBS + IBS (o modelo “dual”)

A proposta aprovada organiza o IVA brasileiro em duas peças principais:

  • CBS — Contribuição sobre Bens e Serviços (federal): ficará sob administração da União e substitui tributos federais como PIS/Cofins e IPI.
  • IBS — Imposto sobre Bens e Serviços (subnacional): será gerido para cobrir arrecadação de estados e municípios (substitui ICMS e ISS) e terá regras para divisão entre estados e municípios.

Na prática, juntos (CBS + IBS) formam o IVA brasileiro: um tributo sobre consumo com sistema de créditos e débitos que substitui ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI, com a vantagem técnica de reduzir distorções e simplificar a legislação tributária sobre consumo. Serviços e Informações do Brasil+1


3 — Por que o governo propõe o IVA (objetivos principais)

A mudança persegue quatro objetivos centrais:

  1. Simplificação: reduzir a multiplicidade de regras (ICMS por estado com interpretações diferentes, regras federais e municipais etc.).
  2. Fim da cascata: permitir que créditos tributários sejam usados sistematicamente para compensar o imposto já pago nas etapas anteriores da cadeia.
  3. Maior segurança jurídica e menor litigiosidade: menos disputas entre estados e entre contribuintes sobre competência e base de cálculo.
  4. Melhor eficiência econômica: reduzir distorções de preço e possibilitar neutralidade entre métodos de venda (produto vs. serviço) — embora o resultado final sobre preços dependa das alíquotas e regras de transição. Tax Group

4 — Como será a implantação: fases, testes e transição

A migração para o IVA no Brasil será gradual e técnica, porque mexe com receitas de União, Estados e Municípios. Os pontos principais sobre o cronograma e implantação:

  • Fase de testes (2026): está previsto um ano de testes nacionais (2026) em que empresas deverão informar, nas notas fiscais, os valores que corresponderiam ao CBS e ao IBS. Nesta etapa a administração pública vai validar sistemas, trocas de informações e procedimentos sem efetivamente cobrar o novo tributo da forma definitiva. Senado Federal+1
  • Transição longa (2026–2033 e além): a previsão é de uma transição escalonada que pode se estender até 2033 (e com regras de ajuste e avaliações periódicas). Para dividir a arrecadação subnacional (IBS) entre estados e municípios será criado um Comitê Gestor e haverá regras transitórias que visam preservar arrecadação praticada anteriormente por cada ente federado. Alguns estudos até apontam cronogramas de distribuição em prazos bem alongados para evitar choque fiscal local. Senado Federal
  • Split payment / automação do recolhimento: um dos mecanismos técnicos previstos é o chamado split payment (ou “Pix dos impostos” na linguagem popular), que automatiza a separação do valor do tributo entre os destinatários (União e o Comitê gestor do IBS) na hora do pagamento, reduzindo erros e evasão. Reuters

Resumindo: primeiro vem testes e ajustes nos sistemas e obrigações acessórias; somente depois ocorrerá a recolha plena e a substituição efetiva dos tributos antigos.


5 — Como o IVA (CBS + IBS) vai funcionar na prática para empresas

Algumas mudanças práticas que as empresas precisam entender e preparar:

5.1 Apuração por créditos e débitos

As empresas deverão apurar o tributo devido pela diferença entre o imposto destacado nas vendas (débito) e o imposto creditável nas compras (crédito). Essa lógica é o cerne do IVA e reduz tributos em cascata — mas exige controle documental rigoroso (notas, XML, escrituração).

5.2 Notas fiscais e sistemas

As notas fiscais eletrônicas vão receber campos específicos para o CBS e o IBS, e os ERPs/softwares de faturamento precisarão ser adaptados para calcular, escriturar e gerar arquivos de acompanhamento. A obrigatoriedade de informar os valores na nota já começa na fase de testes (2026), portanto a adaptação tecnológica é urgente.

5.3 Créditos acumuláveis e regras específicas

Haverá regras sobre quais insumos geram direito a crédito, eventuais impeditivos (setores com regimes diferenciados), e hipóteses de não cumulatividade ou de crédito limitado. Esses detalhes são determinantes para saber se um setor ganha ou perde competitividade com a reforma.

5.4 Preços e repasse ao consumidor

Do ponto de vista econômico, a neutralidade do IVA tende a evitar aumento “por imposto em cascata” — mas o efeito final sobre preços depende das alíquotas, da base tributável, das isenções e do comportamento competitivo do setor. Ou seja: não é automático que tudo vai ficar mais barato; alguns segmentos podem ver aumento, outros redução.


6 — O que muda para quem presta serviços e para o comércio

  • Serviços vs. produtos: a unificação em uma mesma lógica (IBS abrangendo ICMS+ISS) reduz problemas de competência entre municipal/estadual, mas cria necessidade técnica para repartir o IBS entre estados e cidades em operações interestaduais ou serviços digitais.
  • Comércio interestadual: regras homogêneas de crédito e débito tendem a reduzir conflitos e possibilitar uma visão mais clara do imposto devido em operações entre unidades federativas.
  • Setores regulados: combustíveis, energia, telecom e setor financeiro terão regras especiais (por exemplo, regimes seletivos e créditos parcialmente vedados) — atenção especial a essas especificidades.

7 — Principais riscos e desafios para implementação

  1. Complexidade técnica e custo de adaptação: empresas e contadores terão de adequar ERPs, processos de escrituração e controles.
  2. Transição de arrecadação subnacional: estados e municípios dependem hoje de ICMS/ISS; a migração precisa garantir receitas para evitar caos fiscal local — daí a criação do Comitê Gestor e prazos longos. Senado Federal
  3. Risco de criação de novas brechas e exceções: quanto mais exceções, mais complexidade e potencial para planejamento tributário agressivo.
  4. Impacto setorial heterogêneo: dependendo das regras de crédito e das alíquotas finais, alguns setores podem perder competitividade e outros ganhar.
  5. Exigência de coordenação institucional: sucesso depende de integração entre Receita Federal, secretarias estaduais/municipais e dos sistemas de pagamento e notas fiscais eletrônicas.

8 — O que as empresas (e escritórios contábeis) devem fazer agora — checklist prático

  1. Mapear processos fiscais e fluxo de crédito: identifique onde sua empresa gera e consome crédito tributário hoje (PIS/COFINS, ICMS, ISS).
  2. Atualizar ERPs e emitir nota fiscal eletrônica compatível: converse com fornecedores de software sobre roadmaps de atualização para campos CBS/IBS.
  3. Rever contratos e precificação: simule efeitos tributários nos preços e contratos de venda; revise cláusulas que tratem de impostos e repasses.
  4. Capacitar equipe fiscal/contábil: treinamentos sobre apuração em regime IVA, controle de créditos e escrituração eletrônica.
  5. Simular cenários e impactos de caixa: faça simulações com cenários de alíquotas e bases diferentes para entender efeitos no caixa e na competitividade.
  6. Monitorar regulamentação e participar de consultas públicas: muitas regras ainda serão editadas em leis e portarias — quem se antecipa costuma ter vantagem.
  7. Planejar comunicação com clientes e fornecedores: explique mudanças em notas, campos e possíveis efeitos em prazos/valores.

9 — Perguntas frequentes (FAQ rápido)

O IVA vai aumentar a carga tributária do país?
Não há garantia automática: o objetivo técnico é neutralizar a carga sobre consumo (eliminando cascata) e simplificar; o efeito sobre arrecadação depende de alíquotas, bases de cálculo e regras de transição. Alguns setores podem pagar mais; outros, menos. Tax Group

Quando começa a cobrança efetiva?
Há uma fase de testes em 2026 (informativa); a transição plena foi desenhada para ser progressiva e se estender até 2033, com avaliações periódicas. Senado Federal+1

O que é o split payment e por que falam em “Pix dos impostos”?
É um mecanismo para dividir automaticamente o pagamento do imposto entre diferentes destinatários (União e subnacionais/Comitê), reduzindo erro e fraudes. A expressão “Pix dos impostos” refere-se à ideia de automação e rápida liquidação. Reuters

Estados e municípios vão perder arrecadação?
A proposta prevê mecanismos e prazos de transição para preservar arrecadação relativa e evitar choque fiscal; um Comitê Gestor vai gerir a distribuição do IBS entre entes. Ainda assim, a transição exigirá acompanhamento atento por cada ente federado. Senado Federal


10 — Conclusão: oportunidade para simplificar — mas exige preparação

O IVA (CBS + IBS) é uma mudança estrutural importante: busca modernizar o sistema tributário brasileiro, reduzir a cadeia de disputas e evitar o imposto em cascata. Para empresas e contadores trata-se de uma oportunidade (mais previsibilidade, eventual redução de distorções) e de um desafio (adaptação de sistemas, alteração de precificação e de controles internos).

A recomendação prática é clara: não espere até a última hora. Comece a mapear hoje os seus impactos fiscais, atualize tecnologia e treine equipe. Assim, quando a fase de testes começar (e quando vier o recolhimento definitivo), sua empresa estará pronta para operar no novo modelo com o mínimo de transtorno.

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